Por Gabriela Barbosa (gabriela.barbosa18@usp.br) e Lucas Lignon (lucas.lignon@usp.br)
De 25 a 30 de julho, estudantes, profissionais e apaixonados por tecnologia se reuniram na 15ª edição da Campus Party Brasil (CPBR15). O evento propõe uma experiência tecnológica de seis dias para conhecer e debater assuntos como inteligência artificial, blockchain, cultura maker, educação e empreendedorismo. Para aproveitar uma imersão completa nos temas, quatro mil “campuseiros” — como se chamam aqueles que participam do evento — têm um espaço dedicado para, literalmente, acampar no Pavilhão de Exposições do Distrito Anhembi, onde o evento aconteceu.
Entre oficinas e palestras, a Inteligência Artificial (IA) deixou de simbolizar apenas o futuro e se consolidou como o presente cenário da tecnologia. Na criação de textos, códigos ou até na automação de tarefas humanas cotidianas, IAs estão alterando cada vez mais o mundo do trabalho e das relações humanas. A organização da CPBR15 propôs a participação do público para desenvolver os comandos (prompts) de sua própria IA, que será lançada em uma próxima edição do evento.
A necessidade de um futuro social e ambientalmente mais sustentável também foi destacada na edição por patrocinadores e pelo público. De acordo com uma pesquisa realizada pela organização do evento, 30% dos “campuseiros” veem ecologia e sustentabilidade como uma área em potencial na carreira. O porta-voz da Petrobras, patrocinadora do evento, destacou na coletiva de imprensa o desafio em “liderar a transição energética buscando novas fontes, sem interromper o fornecimento para a população”.Em resposta à Jornalismo Júnior, o CEO da Campus Party Brasil, Tonico Novaes, afirma que o evento tem compromisso com o lixo produzido por meio de cooperativas, mas não cita ações para reduzir o carbono emitido pelas mais de 100 mil pessoas mobilizadas pela feira.
Expectativas
O espaço da Campus Party é visto, desde suas primeiras edições, como um lugar de troca de experiências. Nas mais de quatro mil barracas oferecidas pelo evento, pessoas de todas as partes do Brasil acampam durante alguns dias para aproveitar ao máximo a experiência oferecida pela Campus Party.
Para Lucas Paludo, estudante de Engenharia e Controle de Automação no Instituto Federal Catarinense, sua primeira participação no evento é uma “oportunidade de conhecer pessoas novas, fazer networking e participar de palestras”.
Giovanna Vilela, estudante de Ciência da Computação na Fundação Educacional do Município de Assis (FEMA), esperava descobrir novidades tecnológicas e levá-las para sua cidade. “Eu estou focando bastante em programação, quero conhecer mais linguagens e aplicações.” Já Guilherme Garcia, também da FEMA, contou que seu principal foco é “conhecer e trocar ideias com pessoas diferentes, o que é limitado no interior”.
Débora Rodrigues frequenta a Campus Party há 14 anos e tem como hobby personalizar a aparência de gabinetes de computador — o case modding. “Deixamos livre para o pessoal montar os temas que mais gostam e recebemos patrocínio para expor os computadores aqui”, afirma. Ela ressalta que o evento é um lugar para ver amigos de diferentes partes do Brasil, trocar ideias e conhecer novas tecnologias.
Vinicius Stephanto e Vitor Cavalcante, estudantes de Sistemas de Informação na USP, vieram pela primeira vez à Campus. “Uma feira com muitos loucos por tecnologia é algo muito tentador”, destaca Stephanto. Vitor afirma que o interesse deles é aperfeiçoar habilidades em programação: “Eu quero aprender com gente mais velha e experiente o que eles têm a ensinar”.
O público entre 21 e 30 anos corresponde a 40% dos visitantes da Campus, mas a faixa etária restante se estende tanto para mais novos quanto para mais velhos. Marcos Antônio Ribeiro, professor de Filosofia da Tecnologia na Universidade de Passo Fundo (UPF), está em sua 11ª edição acampando no evento. Ele diz que “os veteranos têm essa coisa de fazer amizade com os outros”. “Eu vim sozinho, mas eu conheço muita gente. Estamos nos reencontrando depois da pandemia”, conta.
Programação
Inovações não faltaram nesta edição da Campus Party. Duas novas competições integraram tecnologia a situações cotidianas: a Fashion Tech e o Printer Chef. A primeira tem o propósito de criar utensílios de moda tecnológicos que possam ter uma função além da visual; enquanto a segunda é uma competição gastronômica que utiliza alimentos bio-impressos em 3D. Cinco hackathons – maratonas de programação para solucionar um problema – também buscam promover a transformação digital com auxílio dos participantes do evento.
A programação contou com cerca de 500 palestras, dentre as quais participaram Lucy Hawking, Cid Cidoso (Não Salvo), Rodrigo Fernandes (El Gato), Nyvi Estephan, Bruno Sartori, Tanya O’ Callaghan e Derrick Green. Diversas apresentações ocorreram simultaneamente nos palcos da Campus Party – além dos principais “What’s Next” e “Petrobras”, tablados para a comunidade campuseira receberam iniciativas de diferentes partes do Brasil.
Na entrada do evento, a Open Campus ofereceu gratuitamente um espaço de empreendedorismo do Sebrae e arenas de combates de robôs. Em parceria com a Robocore, a experiência atraiu estudantes de todo o Brasil para competir em modalidades como Hockey, Sumô, Futebol e Combate de Robôs.
No final do evento, Guilherme Garcia comentou que a edição foi menor que as anteriores, mas que “a essência ainda é a mesma”. “Eu aproveitei demais! O que eu mais gostei foi de jogar RPG de madrugada e de conhecer gente nova”, afirma Giovanna Vilela. Lucas Paludo conta que “foi um evento sensacional: muito networking, muitos contatos, muitas pessoas de diferentes lugares, mas com uma coisa em comum: a paixão por tecnologia”. Os três afirmaram que já planejam voltar para as próximas edições.
A Campus Party foi patrocinada pelas Loterias Caixa, Governo Federal, Petrobras, Enel e Correios. Os representantes das empresas afirmam que a CPBR15 caracteriza o futuro e, por isso, investem em seu potencial. O evento é uma realização do Instituto Campus Party e Gouveia Experience, com apoio institucional do Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura de São Paulo.
Confira outras matérias da nossa cobertura da CPBR15:
http://jornalismojunior.com.br/campus-party-2023-um-acampamento-que-nao-dorme/
http://jornalismojunior.com.br/campus-party-2023-a-tecnologia-no-espaco-e-nas-artes/
*Imagem da capa: Acervo Pessoal/Gabriela Barbosa